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28 de ago. de 2006

 

Noções de um ano urbano



Sim, o tempo grita. O tempo gritou em agosto de 2005. E o eco reverbera até então.

Um ano. E alguns quebrados. Tempo mais que suficiente para dezenas de coisas acontecerem na vida de qualquer um. Laços familiares são quebrados, namoros retomados, bombas são cuspidas na cara de outros países, e rochas tremem fundo o suficiente para arrastar milhares de almas na Ásia.

Eu sei aonde estava no ano passado: Em meu próprio ventre. Ao sair, dei a luz a um gêmeo com alguns traços em comum: este blog.

Como pai coruja, sei bem como perder-me em neuras desnecessárias, em preocupações sem sentido. E sei bem como é bom ver o rebento crescer. Um acerto aqui e lá, um carinho acolá, e quando nem mesmo percebemos, aquela coisinha tão dependente passa a caminhar com as próprias pernas. Com alguns tombos, mas segue em frente.

Acabei de saber que uma amiga com quem estudei deu a luz um bebê, e outra menina de quem gosto muito será mamãe em breve. Com tamanha fertilidade no ar, o aniversário de Noções Urbanas não poderia se afastar de uma analogia com a bênção da vida.

Escrever, por sua vez, não trata de outra coisa, senão de vida. Escrever, principalmente histórias, é como soprar o barro fresco e formar uma criatura, um prodígio nativo de seus pensamentos. E a alegria de ter escrito, pode ser comparada à de nascer, um compartilhar de vida entre o criador e a criatura, cada qual existindo em sua própria superfície: Nós sobre a Terra, eles sobre o papel, sobre a tela do computador, convertido em impulsos elétricos rodopiantes.

Ainda faltam meses para meu aniversário, mas meu filho, meu irmão, meu blog, companheiro de experiências com as palavras, mecenas das idéias, faz aniversário agora. Não propriamente este dia, mas este mês, e porque não agora? Ora, Feliz Aniversário é o que desejo. Mas os meus sinceros parabéns são para todos que lêem esse endereço das terças-feiras. Um grande abraço para todos vocês, para todos nós.

Façam um pedido. Já fiz o meu ;)


8 de ago. de 2006

 

Conte aos coelhos


No aniversário de seis anos ela ganhou um coelho. O coelho a ensinou sobre o tempo, e ela desistiu de crescer. O coelho queria a liberdade, ganhou em troca a gaiola. Nela, as horas passavam e retornavam. O coelho se dizia atrasado, e a menina o deixou ir, em troca do relógio dourado. Quebrado, o relógio anunciou o futuro, deixando de contar o tempo. O coelho voltou para a toca, e já não sabia para que servia, nem de onde vinha, ou para onde ia.


A menina viu toda a vida passar em seus olhos de criança. Viu uma dança, viu mundos e formas, e respirou forte um vento de esperança. Ela sentiu o tempo passar. Sem sair do lugar, nasceu, cresceu, reproduziu-se e morreu. Em seguida, voltou a piscar, e viu, na sua frente, coelhos sem relógios, pedindo o dela, para consertar.

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