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21 de out. de 2008

 

Luiz Carlos da Vila: "O show tem que continuar"



Embora enorme em tamanho e importância atualmente, a internet ainda é reconhecida e usada para coisas singelas. Como fazer amigos.

E o ato de 'fazer amigos' não se limita a conversar com alguém através de palavras e bytes numa janela de MIRC, ICQ, MSN ou qualquer chat do Zaz, Uol e afins.

Para mim, especificamente, fazer amigos também significa conhecer alguém novo. Talvez não para bater papo, mas com certeza para estabelecer um diálogo. Sempre.

E foi assim que conheci Luiz Carlos da Vila. Na verdade, perde-se no tempo e nas irrelevâncias da rede a forma exata como travei contato com este grande mestre do samba (afinal, pode ter sido ao baixar a lista de arquivos de outro usuário no Imesh, ou ao encontrar seu nome numa matéria na Agenda do Samba e Choro).

Neste momento em que Gabeira e Eduardo Paes debatem sobre quem é mais ou menos suburbano, lembro Nei Lopes, que apelidou o sambista de Luiz Carlos das Vilas (Vila Kennedy, Vila Isabel, Vila de Penha, etc), pelo retrato alegre e lírico das vilas e localidades do subúrbio que cantou tão bem.

Lembro que apaixonei-me imediatamente pela ginga de suas músicas. Havia as que falavam de amor, poética e docemente: 'Além da Razão': "Pôr te amar/eu pintei...Um azul do céu se admirar..."

As étnicas, que versavam a herança africana, como 'Kizomba - A festa da raça', com a qual a escola de samba Vila Isabel venceu seu primeiro campeonato: "Vem a Lua de Luanda/Para iluminar a rua/Nossa sede e nossa sede/De que o apartheid se destrua".

As odes ao Cacique de Ramos (famoso bloco e nascedouro de grandes sambistas), como 'Doce Refúgio': "Sim, é o Cacique de Ramos/Planta onde em todos os ramos/Cantam os passarinhos das manhãs/Lá do samba é alta bandeira/E até as tamarineiras são da poesia guardiãs".

E as que iluminam o subúrbio, como 'Quando o Natal caiu numa sexta': "Quando é sexta-feira ele passa da hora/Fica lá tirando um samba/A prosear com o pessoal/ Ela dá rabanada e pôe tranca na porta/"Galo onde canta janta"/"Durma aí mesmo no quintal"/Mas teve uma sexta que até o padre foi pedir/Todo mundo lá fora aplaudiu no final/D. Ester pegou umas castanhas/Abraçou e beijou e perdoou Juvenal/E disse "Meu amor, Feliz Natal, Juvenal"/"Perdôo porque hoje é Natal".

Continuarei a ouvir e conhecer a música deste amigo, mestre do partido alto. Nosso diálogo não acabará. Como ele cantou: "Todo mundo que hoje diz/Acabou vai se admirar/Nosso amor vai continuar".

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