14 de mai. de 2009
Fantasma da Ópera
Do alto, o suntuoso relógio ri da exatidão dos fatos: Ele indica a hora certa, ou seu tic-tac erra silenciosamente? As doze badaladas na Central do Brasil retratam o país do tapa na cara, que vira e oferece a face para mais um.
Abaixo, a cidade dorme e desperta, suja de meninos de rua com narinas nuas, tomada por foliões trôpegos e bêbados da melancolia de uma quarta-feira de cinzas que espera pelo carnaval do ano seguinte.
Em meio a nada disso, radinhos de pilha dos camelôs sobreviventes a césares e a choques de ordem arranham notas musicais distantes, e sua coreografia emula o significado da pátria que uma voz transformou em patropi.
Simonal, o pai, o cantor, descansa sob o concreto e bronze da estátua em sua homenagem, talvez em Copacabana. O metal, enferrujado, o concreto, descascado, a fuligem a escurecer-lhe a última pele que restou, e o som calado, abafado nas milhares de mentes que assoviam em sonhos suas famosas canções que jamais existiram.
No coração, o trotar dos cavalos levanta mais poeira que deveria, traz o passado dos anos que sumiram no apagar das luzes da História que não acaba.
A Cinelândia, marginal, herói, resiste num Odeon pós-hype. E na madrugada, o aplauso engolido, suspenso e engarrafado é devolvido, desentalado, defraldado, e encontra eco no som de uma voz flicts, fantasma de uma história de fantasmas. Na tela, novamente sua vez: ‘ Simonal – Ninguém sabe o duro que dei ’.
Abaixo, a cidade dorme e desperta, suja de meninos de rua com narinas nuas, tomada por foliões trôpegos e bêbados da melancolia de uma quarta-feira de cinzas que espera pelo carnaval do ano seguinte.
Em meio a nada disso, radinhos de pilha dos camelôs sobreviventes a césares e a choques de ordem arranham notas musicais distantes, e sua coreografia emula o significado da pátria que uma voz transformou em patropi.
Simonal, o pai, o cantor, descansa sob o concreto e bronze da estátua em sua homenagem, talvez em Copacabana. O metal, enferrujado, o concreto, descascado, a fuligem a escurecer-lhe a última pele que restou, e o som calado, abafado nas milhares de mentes que assoviam em sonhos suas famosas canções que jamais existiram.
No coração, o trotar dos cavalos levanta mais poeira que deveria, traz o passado dos anos que sumiram no apagar das luzes da História que não acaba.
A Cinelândia, marginal, herói, resiste num Odeon pós-hype. E na madrugada, o aplauso engolido, suspenso e engarrafado é devolvido, desentalado, defraldado, e encontra eco no som de uma voz flicts, fantasma de uma história de fantasmas. Na tela, novamente sua vez: ‘ Simonal – Ninguém sabe o duro que dei ’.
Comments:
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Valeu a dica sobre o Simonal, Rodrigo. O cara já andava no meu radar há algum tempo, mas agora, com presença maçiça na mídia, vai ficar mais fácil me lembrar de buscar seu som.
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